Você sabe quais são os principais custos de cloud para ERPs? Segundo a Gartner, mais de 70% das empresas já migraram pelo menos algumas cargas de trabalho para a nuvem pública. No entanto, apesar desse aumento, compreender os custos envolvidos na operação de qualquer sistema em cloud em primeiro momento pode ser complicado.
Isso acontece porque normalmente as plataformas cobram vários itens diferentes que são necessários para o funcionamento do ambiente, e cada item tem sua própria particularidade, então a quantidade de detalhes para serem avaliados é grande, o que gera grande complexidade e demanda certo esforço para compreensão.
Com a migração dos ERPs não é diferente e é disso que vamos tratar neste artigo, de maneira mais simplista e também não tão profunda, já que cada cloud tem suas próprias características de cobrança ou funcionamento. Aqui falaremos das principais variáveis que geram custos, ordenadas da maior para a menor geradora de custos.
Como este assunto é muito vasto, iremos focar em ambientes de cloud para ERPs baseados em máquinas virtuais e também bancos de dados como serviço (DBaaS ou Database as a Service). Continue no post e veja quais são os principais custos de cloud para ERPs
PROCESSAMENTO E MEMÓRIA RAM
Processamento e memória RAM são dois recursos indispensáveis para o funcionamento de qualquer aplicação. A maioria das plataformas de cloud computing utiliza estes dois conceitos juntos em uma mesma cobrança, são comuns os nomes “instância”, “tipo de instância”, “modelo de máquina virtual”, e geralmente são categorizados como siglas, como por exemplo “t2.large” (AWS), “D11s” (Azure).
Sobre as siglas, geralmente a parte inicial representa um grupo de instâncias com determinada característica em comum, por exemplo, otimizada para operações intensas de IO, ou otimizada para memória RAM, entre outras.
Para escolher corretamente o tipo de instância que melhor atende ao seu ERP, é importante verificar o funcionamento do seu sistema rodando em clientes para entender quanto de processador e memória ele consome por usuário, neste caso vale lembrar que pode haver momentos de pico e momentos de baixo consumo, se for escolhida uma instância que não consegue suprir a necessidade em momentos de grande uso, é provável que a aplicação fique lenta.
A dica que damos para conseguir estimar este uso é utilizar ferramentas de monitoramento de ativos de infraestrutura, existem várias ferramentas gratuitas no mercado, segue nome de algumas: nagios, munin, zabbix. Algumas plataformas de cloud computing possuem monitoramento nativo, embora em muitos casos isto é cobrado.
Para simplificar, vamos considerar que em média um usuário consuma 200MB de memória RAM e 5% de CPU em uma máquina com 4 núcleos de 2.2GHz, o que corresponde a 440MHz.
como calcular: 4CPU x 2.2GHZ x 5% = 8.8GHz x 0,05 = 0,44 GHz ou 440MHz
Fazemos a proporção de usuários por CPU:
como calcular: 2.2GHz / 0,44 = 5 usuários por CPU, 5 usuários consumiriam em média 5x200MB= 1GB de RAM
Neste caso temos um cenário que a cada CPU seria necessário 1GB de RAM e caberia 5 usuários, porém infelizmente não é tão simples assim por que o sistema operacional também consome recursos, então é importante calcular o overhead que o sistema operacional trás, por exemplo o windows server 2016 consome em torno de 1,5GB de RAM em idle, então no cenário de ter um servidor de apenas um CPU, seria necessário 2,5GB de RAM para funcionamento.
Esse overhead do sistema operacional é muito maior quando se trata de máquinas virtuais com poucos núcleos de processador, em máquinas com maior número de processador consequentemente maior quantidade de usuários, isso é diluído pelo número de usuários.
O uso de CPU e memória RAM são geralmente cobrados por horas, minutos, e até segundos dependendo da plataforma de cloud computing, portanto, se seus recursos de computação forem ligados apenas no momento que é necessário o uso e desligados posteriormente, é possível reduzir os custos expressivamente.
CLOUD PARA ERPS – ARMAZENAMENTO
O armazenamento é tudo que precisa ser gravado e não pode ser perdido caso o servidor desligue, em caso de máquinas virtuais, é cobrado pelo tamanho do disco rígido utilizado pela máquina e não a quantidade de espaço utilizado do disco. Ou seja, se seu disco rígido virtual é de 120GB e só está sendo ocupado 30GB, a cobrança será feita por 120GB.
E disco rígido não é somente capacidade de armazenamento, há também a questão da velocidade (throughput), e número de acessos ao disco (IOPS). Portanto, geralmente são oferecidas camadas diferentes para armazenamento, de discos magnéticos simples que não tem grande performance, passando por SSDs e até NVMe, sendo que quanto maior a performance maior o custo.
Para calcular a necessidade de armazenamento é preciso saber em média quanto um usuário usa em GB de disco, deve ser considerado também a capacidade necessária para o sistema operacional. Os discos rígidos virtuais da cloud podem ser expandidos (geralmente apenas aumentados, nunca diminuídos) sobre demanda, portanto pode se iniciar com um HD menor e ir aumentando o tamanho conforme a necessidade, lembrando que é importante monitorar e manter pelo menos um pouco de espaço livre para não ter problemas.
O armazenamento normalmente é cobrado de acordo com a camada de performance da oferta (Discos SATA, SSD, NVMe) e por GB armazenado de acordo com o tempo, porém, como normalmente os dados não podem ser apagados a noite e reconstruídos novamente no dia seguinte, o uso e cobrança comum é 24×7.
Dependendo da plataforma de cloud utilizada, há limites de IOPS também, caso sua máquina virtual passe da cota, é cobrado a mais ou então reduzida a velocidade do disco, o que pode trazer problemas de performance e experiência ruim para o usuário final.
NETWORKING
Aqui entramos na transferência de dados, tudo que é enviado ou recebido por suas máquinas virtuais na cloud. E existem vários nuances entre plataformas: algumas não cobram dados recebidos (download para a máquina virtual), apenas dados enviados, outras já possuem cotas, se passar da cota começa a cobrar a transferência, em outras a cobrança de transferência depende para onde os dados são enviados/recebidos (por exemplo, na AWS, o tráfego do datacenter brasileiro para um usuário no Japão tem um preço diferente do tráfego para um usuário no Brasil). É importante entender como é o consumo de dados da sua aplicação e entender as nuances de cada plataforma para fazer a melhor escolha e não ter surpresas.
Também há variação de preços para instâncias dimensionadas para alta performance de rede, e também cobranças adicionais por IPs públicos disponibilizados e em alguns casos até regras de firewall e NAT.
DBaaS
Banco de dados como serviço é uma oferta que facilita a administração e implantação do ambiente, já que com apenas alguns cliques é possível subir ou administrar banco de dados com diversos sabores disponíveis (Microsoft SQL Server, MySQL, MariaDB, PostgreSQL e outros).
Normalmente a oferta já contempla um pacote de itens de infraestrutura pré dimensionados (capacidade, IOPS, licenciamento, velocidade, memória RAM, backups), bastando apenas escolher o plano que mais se encaixa na necessidade.
LATÊNCIA
Este é um item que importa muito quando se trata de aplicações virtualizadas, como por exemplo: acesso por RDP (microsoft RDS), VirtualUI, TSPlus, GoGlobal e Virti. A latência é o tempo que demora para as informações saírem do computador do usuário, chegarem até ao servidor e voltarem, o que costuma impactar bastante caso seja uma aplicação virtualizada ou um banco de dados que é acessado diretamente por uma aplicação remota.
Data Centers em regiões geográficas mais próximas ao usuário final possuem latência menor, por que precisam percorrer menor caminho, passando por menos dispositivos até chegar ao destino final.
DISPONIBILIDADE
As vezes incompreendida e muitas vezes desprezada, a disponibilidade é crucial para a qualidade geral do sistema hospedado em cloud na visão do cliente e usuário final.
Quanto maior a disponibilidade, mais tempo o sistema estará “no ar”, sem cair ou ficar lento, ou seja, é um resultado intangível, que afeta diretamente na operação do cliente com seu sistema. Muitas vezes um sistema parado causa diminuição de vendas, faturamento, desperdiça tempo de funcionários que poderiam estar produzindo, e denigre a imagem da empresa cliente final, que pode acumular filas, e reclamações dos consumidores, e é aí que vem o custo, apesar de muitas vezes intangível, basta tentar imaginar: quanto custa para você e seus clientes cada hora que seu sistema está inacessível?
Em cloud computing a disponibilidade é expressa na forma de SLA com uma porcentagem, exemplo:
99.97%, e para calcular o que isso representa é muito simples:
Como calcular: (100% – 99.97% SLA) x 365 dias x 24 horas = 0,03% de 8760 horas = 2,63 horas ou 2 horas e 40 minutos por ano.
É importante para a gente falar que cada plataforma de cloud tem suas próprias condições de SLA, que devem ser explícitas no contrato de adesão, portanto recomendamos que o contrato seja avaliado cuidadosamente para evitar surpresas.
LICENCIAMENTO
Os custos das máquinas virtuais e ambiente depende também dos softwares proprietários licenciáveis que são utilizados, é outro ponto que deve ser levado em consideração. Quando comparamos custos de máquinas virtuais com a mesma capacidade, as que são baseadas em Microsoft Windows costumam ser mais caras, já que a plataforma dilui o preço das licenças do sistema operacional pelas horas e quantidade de CPUs utilizados.
Cuidado também com outros licenciamentos necessários, como por exemplo as licenças RDS que são necessárias e exigidas para utilização do acesso por RDP (Microsoft Remote Desktop Services), estas licenças são cobradas por usuários ou dispositivos, na modalidade perpétua ou assinatura, se preciso, devem entrar no cálculo também.
Considerações finais:
Agora que já sabe o básico das principais variáveis que geram custos em cloud com máquinas virtuais, fica um pouco mais claro de como sua aplicação vai se comportar em termos financeiros funcionando em cloud.
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